Viva a Fotografia!!

Viva a Fotografia!!
Carapebus, Sumidouro, Duas Barras, Porciúncula, Varre-Sai...

92 nomes diferentes, estranhos, exóticos, engraçados...

Nem parecem nomes de cidades. Pois são!

E são cidades do interior do Estado do Rio de Janeiro, onde os problemas de emprego, geração de renda, falta de lazer e atividades culturais levam a população à não-valorização do lugar onde vivem – esse Rio de Janeiro tão diverso, charmoso, e tão desconhecido – o que favorece movimentos migratórios em busca de novas oportunidades nas grandes cidades.

A imagem que a população tem de sua cidade revela a forma como ela se relaciona com o espaço urbano, a percepção que tem sobre sua inserção na sociedade, os aspectos que mais gosta, o que incomoda na cidade e o que nela gostaria de mudar.

Revelar e compartilhar essa imagem contribui para que a cidade seja melhor compreendida e, em conseqüência, mais valorizada por seus habitantes.

Os diversos olhares, as visões distintas de paisagens, pessoas e histórias a partir de imagens fotográficas positivas mostradas a seus habitantes... Material rico de informação a ser utilizado em benefício de todos.

quinta-feira, 6 de novembro de 2008

Arte-Educar

Reportagem enviada pela Professora Débora Salgado, do C. E. Condessa do Rio Novo, em Três Rios.

03/11/2008
Adeus, cartolina
Hoje em Dia - www.hojeemdia.com.br

"Eles ainda não chegaram à idade adulta, mas já sabem manusear o celular melhor que muita gente grande". Fotografar, filmar, baixar e enviar vídeos, acessar a Internet, mandar mensagens de texto e multimídia. Tudo isso é fichinha para a maioria dos adolescentes, que lidam cada vez mais cedo com o aparelho. Grande parte ganha o primeiro a partir dos nove anos de idade. Em alguns casos, a relação de dependência com o dispositivo se aproxima com a de um adulto. 

"Minha agenda está toda lá e se perdê-la um dia não sei o que fazer", sentencia Giulia Puntel de Souza, 15 anos, estudante da 7ª Série do Colégio Santa Dorotéia. Ela admite que o celular é rotina na sua vida, assim como o batom. "Faço vídeos, fotos, é muito legal poder gravar tudo do jeito e na hora que eu quero", comemora. Diante desse depoimento, você consegue imaginar o que é segurar cerca de 30 "giulias" numa sala de aula, por quase cinco horas do dia, com o telefone desligado? 

Ao invés de tentar elaborar estratégias de contenção, o jornalista mineiro Wagner Merije decidiu abrir as comportas da criatividade jovem para que eles próprios discutissem a relação celular / escola por meio de vídeos, claro, produzidos com o aparelhinho. Em 23 dias desde sua criação, idéias de toda natureza já inundaram o portal que dá sustentação ao projeto "Minha Vida Mobile".

Wagner Merije destaca que é preciso entender que a atual geração de adolescente nasceu com o celular, cresceu usando o aparelho, portanto, o "normal" tinha que ser decodificar a atividade de forma positiva. "Foi quando pensei em um projeto que pudesse usar o celular como ferramenta pedagógica." 

Aprovado pela Lei Estadual de Incentivo a Cultura e apoiado pela Vivo, o projeto foi lançado no dia 10 de outubro e é composto de várias ações, em âmbito real e virtual. No ciberespaço, um portal serve como vitrine dos trabalhos produzidos pelos estudantes cadastrados e poderá ser utilizado pelos professores para ensino e avaliação. Por exemplo, algum conteúdo publicado por um aluno pode ser avaliado como "Para Casa" pelo professor, que também contará com recursos tecnológicos para avaliações on line e até definições de notas, como numa prova escrita tradicional.

Também via portal está acontecendo o concurso que tem o mesmo nome do projeto e visa escolher os melhores trabalhos publicados no site até o dia 10 de dezembro. O tema é livre e os estudantes podem concorrer em grupo ou individualmente. Os participantes serão avaliados por uma curadoria especializada, convidada pelo projeto, e os selecionados participarão de um DVD coletânea, uma mostra itinerante, que passará por escolas de várias cidades mineiras, como BH, Tiradentes, Betim, Juiz de Fora, Contagem e Ouro Preto e um catálogo de fotos. Além disso, seus autores concorrem a prêmios como kits culturais e equipamentos para estimular a produção de novos conteúdos. O resultado da curadoria será divulgado no dia 17 dezembro, no portal Minha Vida Mobile.

No mundo real, o projeto é sustentado por oficinas nas escolas, todas ministradas no formato de vivências criativas e devem envolver alunos, professores, funcionários e direção. Durante essas atividades, são passadas noções sobre vídeo, fotografia, áudio e produção de conteúdo com o celular. Em seguida, todos colocam a mão na massa para produzir os trabalhos escolares usando o celular (emprestados pela produção ou dos próprios participantes).

Como conhecemos a criatividade do estudante, sabíamos que muita coisa estava por vir. Ainda sim eles estão indo além: pensam na relação do celular com cultura, a educação e tecnologia. Quem sabe acabamos com a idéia de que celular é um vilão dentro da escola?", torce Merije que comemora 100 postagens nas três categorias do concurso nos primeiros dez dias de funcionamento do site.

Este é o primeiro ano do projeto, mas a idéia do jornalista é expandí-lo para outros estados a partir do ano que vem. "Faremos duas premiações anuais e uma mostra intinerante no projeto. Acreditamos que poderemos revelar talentos incríveis, porque isso pulsa no sangue do jovem. Pode anotar aí: a partir do "Minha vida Mobile" virão muitos diretores e fotógrafos de sucesso".

Pioneira em Minas Gerais no apoio a produções artísticas por meio do telefone celular desde a época que era Telemig Celular, a Vivo defende essas ações porque posicionam o celular enquanto parte da sociedade. "Ele não é apenas mais uma ferramenta, mas constitui todo um cenário. Ele está no bolso das pessoas o tempo todo", defende o gerente de Desenvolvimento Cultural da Vivo Marcos Barreto. Para Barreto, é chegada a hora de deixar de tratar o telefone móvel como um problema e tratá-lo como uma possibilidade de interação. "Claro que existem as questões negativas, mas é preciso enxergar as potencialidades desse cenário. Vamos parar de questionar as formas de acesso e começar a compor estratégias no campo educacional e tecnológico."

O gerente acredita que usar o celular dentro da escola é uma maneira de abrir mão de algumas formas tradicionais para acessar a cultura e aprender dentro da sala de aula. "Trazer o interesse e interpretar essa nova demanda do cenário tecnológico é a questão. Por isso é tão válido a criação de projetos que tentam buscar na tecnologia uma forma de acesso um grande meio de expressão".

Parte da vida

Giulia, a aluna do Santa Dorothéia do início da matéria, quer mudar o mundo, como todo adolescente. Um dos vídeos que postou no portal Minha Vida Mobile passeia pela história dos grandes líderes e principais acontecimentos mundiais. Mandella, Martin Luther King, a primeira missão do homem à Lua, entre outros, costurados com a proposta de que é preciso fazer algo mais, algo diferente, daqui para frente. Giulia produziu tudo com o telefone celular atual, infinitamente mais moderno do que o que ganhou aos nove anos de idade. Hoje, não consegue se imaginar operando o primeiro aparelho que ganhou, que pertence a um tempo muito, muito distante. "Antes eu não sabia mexer direito e por isso não fazia muita coisa, ficava me divertindo com os joguinhos. Depois, aos 11 anos, período em que comecei a ganhar celulares mais sofisticados, com câmera e tudo, é que passei a utilizá-lo com mais frequência. Hoje eu sinceramente não sei o que faria se não tivesse celular."

Como Giulia, Frederico Borges, 19 anos, aluno do curso de Administração da PUC Minas, não desgruda do telefone e garante que usa todas as ferramentas disponíveis; máquina fotográfica, mensagens de texto, Internet, gravadores de vídeo e voz. "É quase um computador para mim", compara. Aluno do 2º ano do Colégio Savassi, Bruno Pacheco, 17 anos, usa o aparelho para marcar grupos de estudos com os colegas de escolas, mas também é ferramenta de bate-papo e de produção de vídeos.

Professor deve mudar, recomenda psicóloga

Para a psicóloga Roberta Scatolini é preciso que os profissionais da área da educação estejam preparados para lidar com o celular e toda a aparelhagem tecnológica dentro da sala de aula. "Os adolescentes e principalmente as crianças crescem nesse ambiente tecnológico, no qual tudo para elas é muito fácil e comum. Não se deve tentar desvencilhá-los disso porque será impossível", afirma.

Para Scatolini é necessário que os professores se apropriem desses equipamentos que são extremamente familiares para os estudantes. "Como o professor pode fazer isso dentro da sala? Agregando outros valores ao celular. É preciso que o professor crie essa aproximação com ações criativas. Assim é possível envolver cada aluno, seja por meio da pesquisa, por exemplo", diz.

Segundo a psicóloga uma das ferramentas que podem ser usadas dentro da sala de aula é a máquina fotográfica, hoje incorporada à maioria dos telefones celulares. "O educador de biologia, por exemplo, pode convidar os alunos a fotografar as plantas e os insetos que existem na escola. O professor de história pode convidar os estudantes a criarem vídeos segundo o que foi dado em determinada aula", explica.

A psicóloga afirma que levar a sala de aula para o cotidiano não é tarefa fácil, mas essa deve ser a meta tanto dos professores, quanto dos próprios estudantes, que podem sugerir atividades. "O primeiro passo é existir interesse de ambas as partes", frisa. Para ela, as instituições públicas e carentes também devem participar e criar atividades para os estudantes. "Essa geração é ligada tecnologia, independente da classe social. Se se trata de uma comunidade carente, vá com seus alunos para a rua, faça fotos das poças d'água, discuta se há risco de doenças como a Dengue", sugere.

Quanto a questão de prender a atenção do aluno e não deixar que ele utilize o celular para outros fins, Roberta é categórica. "Claro que podem existir exceções, mas quando a dinâmica é bem feita, dificilmente existirá outro foco. E se existem alguns estudantes sem celular na sala, trabalhe atividades em grupo, distribua tarefas e roteiros para todos. O professor pode emprestar seu aparelho também. Tudo é questão de diálogo", garante.

Professor percebe novo tempo

Para a professora de História do Colégio Santa Dorotéria Walquíria França Brasil, esse é um desafio que ela pretende vencer a partir do ano que vem. Atualmente ela participa do projeto "Minha Vida Mobile" que incentiva a inserção do celular dentro das salas de aula como ferramenta de aprendizado. "Os alunos lidam o tempo todo com o celular dentro da sala e estão atentos à ele. A pretensão da escola é aplicar, a partir de 2009, uma outra visão acerca disso, usando o aparelho de forma mais pedagógica. Por isso os professores estão fazendo oficinas", conta.

A expectativa de como a turma será a partir de quando for aplicada a novidade é enorme. "Grande parte dos estudantes está curiosa com o projeto. Aliás, não só os alunos mas também os professores têm essa expectativa. Acreditamos que além das atividades pedagógicas todos poderão aplicar atividades de socialização ao trabalhar em grupo e lidar com o próximo. A interação entre eles é o que também queremos despertar", afirma.

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